segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

CAMPEÃO CATARINENSE, MAS NÃO MUITO

Em 1930 e 1931 o Brasil esteve ausente do estadual. Voltou em 1932 e passou por uma experiência terrível e dolorosa. Talvez a pior da Era Brasil.

Quatro equipes inscreveram-se para o campeonato: Figueirense, campeão de Florianópolis; Brasil de Tijucas, Bom Retiro e Brasil, os dois de Blumenau.

No dia 11 de dezembro de 1932 o Brasil venceu o Bom Retiro por 4 a 1, gols de Artilheiro, André Sada (2) e Mário. Krepski fez o gol do alvinegro.

Na semifinal, dia 18, o adversário foi o conhecido Brasil de Tijucas. O representante de Blumenau venceu por 6 a 3, gols de Leal (3), Ramos, Artilheiro e Mário.

A decisão seria contra o Figueirense no estádio Adolfo Konder, dia 8 de janeiro de 1933. Uma excelente atuação do Brasil empate de 1 a 1 no tempo normal. Na prorrogação, Mário fez o gol que deu o título de campeão catarinense aos blumenauenses.

O retorno da delegação alvi-verde e a chegada em Blumenau foi festiva e os atletas voltaram como heróis.

A alegria durou pouco tempo. Pouco menos de 96 horas depois da partida, a Federação recebeu protesto do Figueirense. A alegação era que o centromédio José atuou de forma irregular.

O caso não ficou bem esclarecido, mas a informação era que o atleta havia sido contrado junto ao Caxias de Joinville por 1.500 réis, o que a legislação da época não permitia. O futebol ainda era amador.

O Brasil teve o título cassado e a FCD marcou uma nova decisão para o dia 22 de janeiro, mais uma vez no estádio Adolfo Konder.

O forte e quase insuportável calor do verão ilhéu não impediu que muitas senhoras e belas jovens dessem ao ambiente um aspecto alegre e festivo.

O primeiro tempo foi bastante disputado e a vantagem foi alvinegra, 4 a 2. André Sada desperdiçou a cobrança de penalti chutando nas mãos do goleiro Metralha. O fato causou certo desânimo ao Brasil.

Antes de iniciar o segundo tempo, os dirigentes do Brasil solicitaram em vão a troca do árbitro. O clima e a situação criada em volta do jogo mostrava que o time blumenauense viria a conquistar a vitória.

O “emprego da brutalidade foi injustificavelmente franqueado” pelo árbitro, segundo publicou o jornal A Pátria, de Florianópolis. Isso fez desaparecer o brilho que o evento prometia. Muitas famílias reclamaram a prática abusiva de faltas e a isenção do juiz da partida em coibi-las.

A principal vítima foi o atleta Heitor Ferraz, do Brasil. Num choque violento com um jogador do Figueirense, ele teve a perna fraturada. Teve que ser levado ao Hospital de Caridade onde os médicos imediatamente fizeram exames e colocaram gesso. Schurmann sofreu grave lesão no rosto, mas não precisou ser hospitalizado.

A violência, a má arbitragem, a fratura de Ferraz, a contusão de Schurmann e a falta de esperança em reverter a situação, proporcionou desinteresse na equipe do Brasil. Com isso o jogo transformou-se num ataque contra defesa em favor do alvinegro.

O goleiro Eurico fez defesas fantásticas e causou admiração dos maravilhadores torcedores presentes no campo da Liga. Mesmo com sua grande atuação o placar ficou em 7 a 3 para o Figueirense, que desta forma sagrou-se campeão estadual.

O Brasil atuou com Eurico; Marquadt, Dário, Ferraz, José (ele mesmo), Schurmann, Mário, Tico, Artilheiro, Andre Sada e Leal.

Em matéria publicada no dia 25 de janeiro de 1933, o jornal A Patria publica reportagem sobre o profissionalismo no futebol e discute o caso José, que levou a federação a marcar uma nova final do Estadual. Questiona também porque José atuou no segundo jogo. Afinal, se estava irregular no primeiro, porque estaria em condições desta vez?

O Brasil retornou para Blumenau decepcionado e sem Heitor Ferraz, que ficou internado no Hospital de Caridade. O atleta viria receber alta apenas em março.

Quinze dias depois do fatídico jogo do Estadual, o Brasil volta a jogar. Desta vez enfrentou em amistoso o Combinato de Itajaí. Venceu fácil por 6 a 1.

O Figueirense continuava entalado na garganta e a diretoria convidou o campeão catarinense para um jogo em Blumenau. Convite prontamente aceito pelos alvinegros.

No dia 15 de fevereiro, no campo da rua das Palmeiras, o Brasil atropelou o Figueirense por 8 a 1. Mostrou para todo o estado que não era o campeão, mas sim o melhor de Santa Catarina. Foi apenas um amistoso, mas serviu para erguer o moral da nação alvi-verde.

Neste período de bom futebol, o Brasil registrou excelentes resultados e até um placar histórico: no dia 2 de abril de 1933 atropelou o Vitória, do bairro Velha, por 15 a 2.

Nenhum comentário:

Postar um comentário